Inbreeding - Acasalamento entre parentes

O Que é?

Inbreeding é o nome técnico dado ao acasalamento de animais com um grau próximo de parentesco. Como qualquer técnica de manejo, existem grandes vantagens e desvantagens na utitilização e não é recomenada para principiantes.
A técnica é fundamental para a criação de animais de raça pura.
Em teoria, todos os animais de uma mesma raça, ao acasalar, tem algum grau de inbreending. Algumas raças mais e outras menos.

Natureza

Na natureza o inbreeding também ocorre. Geralmente quando uma espécie sofre um isolamento geográfico ou quando a quantidade de indivíduos reduz significativmente. Hoje em dia algumas matilhas de lobos, alguns grupos de leões, os pandas, entre outros acabam sofrendo inbreeding com alguma regularidade.
  De certa forma, o inbreeding acaba fortalecendo algumas características da população, pois ajuda a fixar essa característica na população.
  Logo, ela se torna uma "ferramenta" do processo de seleção natural, contribuindo com a evolução das espécies.
  Mas assim com traz vantagens para a vida selvagem, pode trazer algumas desvantagens, como a geração de animais com maiores problemas ou extretamente especializados.

Raças

Quando falamos de cães, todas as raças de cães tem um grau de inbreeding.
  Algumas raças foram criadas com base em muito poucos exemplares e, mesmo que aparentemente, um acasalamento envolva cães aparentemente não aparentados, sua carga genética é tão semelhante que poderiam ser considerados irmãos.
  No passado algumas raças permitiam a utilização de outras raças no programa de criação. Por exemplo, era possível utilizar um cão da raça base no acasalamento de uma raça "filha". Por exemplo, poderia se utilizar um mastiffe no acasalamento de um Fila Brasileiro e os filhotes seriam utilizados no programa do Fila (exemplo hipotético). Essa forma inclui um novo sopro no pool genético da raça.
  Entretanto essa técnica foi praticamente proibida e não é mais aceita nos programas de criação atual.
  Há ainda um agravando no que tange aos cães campeões, que acabam acasalando com uma quantidade significativa de cadelas e ajuda a reduzir ainda mais o pool genético da raça e, consequentemente, favorecer um inbreeding entre os futuros exemplares.

Brasil

No país, até os anos 2000, estimamos que entre 50 e 100 exemplares desembarcaram por aqui. Sendo que a imensa maioria veio dos EUA
  Essa importação foi o embrião para o desenvolvimento da raça no pais. O problema é que, mesmos esses cães, já vieram com algum grau de parentesco, pois sua origem não deveriam passar de mais de 20 a 30 canis diferentes.
Por ano, somente registrados, haviam em torno de 2000 chows. Mas um número muito maior de não registrados. Todos esses cães eram frutos desse conjunto pequeno inicial.
  Após os anos 2000, embora ainda exigindo um alto investimento, tornou-se mais fácil importar cães e a taxa de importação aumentou significativamente. Entretanto, em comparação com o número de exemplares nascidos por aqui, sempre foi relativamente pequeno.
  A CBKC não divulga esses números, mas não devem ser importados nem 10 exemplares por ano, em média. E novamente, a grande maioria dos EUA, que já sofre com um forte inbreeding. Pouquíssimos exemplares vem de outros lugares.
  A taxa de nascimento brasileira de chows está alta. Estimamos que entre 5 a 10 mil chows devem nascer por ano, a grande maioria sem registros.
  Portanto, no país, o pool genético também é bem limitado e os chows tendem a serem geneticamente muito próximos. Independentemente do "estilo" do chow, se atende mais ou menos os aspectos técnicos do padrão da raça.

Técnica

A utilização da técnia envolve um forte conhecimento de genética por parte dos criadores e um conhecimento ainda maior dos cães envolvidos.
  É fundamental que o criador saiba, em detalhes, todos os problemas que se apresentaram nos ancestrais dos envolvidos. Se possuíam certificados de saúde (displasia, olhos,...), se apresentavam algum problema de saúde e eventuais causas dos óbitos deles.
  Assim como é fundamental conhecer as características desejadas, pois serão elas que irão justificar o inbreeding.
  Portanto a técnica não deve ser utilizada em cães que não possuam pedigree, pois não há conhecimento suficiente para avaliar os riscos.
  Tmbém não deve ser utilizada como falta de opção de padreamente por parte do criador. Nesses casos o melhor e mais indicado é utilizar um padreador ou matriz com o menor grau de parentesco possível. Mesmo que outros riscos estejam envolvidos.
  Utilizando adequadamente a técnica é possível obter cães saudáveis e com qualidade técnica e racial desejada.

COI - Cálculo

Em 1920 foi criado o que se chamou de Coeficiente de Inbreeding ou COI. Esse índice indica as chances de um gene que é considerado heterozigoto se apresentar como homozigoto. Isso para o bem ou para o mau.
  Hoje já há softwares que fazem o cálculo para as futuras ninhadas. Eles permite que o criador faça um planejamento adequado e, dependendo das características e raça, conseguem inclusive prever o percentual previsto para que elas se apresentem nos filhotes.
  Como a fórmula é complexa, muito poucos criadores a conhecem, o que acaba gerando acasalamentos sem a devida análise.
  Mesmo exemplares que aparentemente podem não ter relação, podem ter um ou outro ancestral comum que elevaria o COI a níveis demasiadamente altos.
  Um exemplo que pode ser dado é que o COI de um acasalamento de pai com a filha ou mãe com o filho gera um índice de 25%, considerado alto. Um acasalamento entre primos seria 6,25%, já considerado baixo.
  Estima-se que um acasalamento não relacionado, devido aos fatores raciais mencionados acima gera, por padrão um COI entre 4 e 5%. Entretanto esse número tende a aumentar quando o pool reduz e a quantidade de acasalamentos aumenta. No Brasil não temos esses números, mas eles podem ser maiores.
  É proibido acasalar exemplares irmãos inteiros, ou seja, do mesmo pai e da mesma mãe. Em um caso assim, o COI seria 50%, extremamente alto.
Logo, mesmo que não sejam irmão, se um acasalamento gerar um COI alto assim, ele não seria aconselhado, sob nenhuma hipótese.

Vantagens e Desvantagens

Algumas características podem ser fixadas nos descendentes. Em uma população que porventura esteja sofrendo com algum problema de saúde, é possível utilizar um determinado animal como base para a o uso.
Recentemente a técnica foi usada por alguns criadores para evitar ou eliminar um problema que estava se tornando complexo, o entrópio. Alguns exemplares que não apresentavam o problema foram utilizados com base no inbreeding e o problema praticamente foi eliminado. Portanto, a técnica permitiu que problemas de saúde fossem ampliados na população.
Entretanto, se ela for utilizada recorrentemente ou de forma muito agressiva, alguns problemas podem surgir. Redução do número de filhotes nas ninhadas, má formações ou menos morte precoce dos filhotes, ocorrência de tumores nos animais, redução da espectativa de vida, infertilidade, etc.

Vantagens e Desvantagens

O inbreeding é uma faca de dois gumes. Se bem utilizado e com critérios estabelecidos pode auxliar no desenvolvimento responsável das raças.
  Entretanto se perpetuado pode, aos poucos, contribuir para o enfraquecimento dos animais e, em última análise, a extinção da raça.
  Logo, somente é indicado para criadores experientes e que saibam avaliar os riscos.
  Como qualquer técnica, incentivar a aquisição de cães que sofreram inbreeding, por si só, não irá indicar cães mais saudáveis, assim como o inverso também se torna verdadeiro. Ela é uma técnica de criação, que pode trazer benefícios ou graves problemas. Cabe ao comprador verificar isso e questionar o criador o motivo do inbreeding.
  E claro, essa verificação somente será possível com cães que possuam pedigree. Não há como confirmar inbreedings ou seu grau no caso de chows sem o registro genealógico, pois um vendedor poderá fazer uma coisa e falar outra ou às vezes nem tem a informação para saber se o grau é alto ou baixo. Logo, mais uma vez recomendamos a exigência do pedigree no momento da compra.